quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pobreza aumenta em São Paulo


Estudo patrocinado pela ONU considera extremamente preocupante situação da capital e das cidades periféricas







Dos oito objetivos para o milênio estabelecidos pela ONU como metas para o desenvolvimento global, o considerado mais relevante é a erradicação da extrema pobreza e da fome. De acordo com um estudo patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para acompanhar a execução das metas no Brasil - com a participação de cinco universidades - o cumprimento da meta é improvável, apesar dos avanços na maioria dos estados brasileiros. O estudo assinala que o aumento da pobreza no município de São Paulo e nos demais da região metropolitana é ''extremamente preocupante''.
A submeta do tópico principal - reduzir à metade a população que sofre de fome - poderia chegar ao objetivo previsto, se não fossem os números ruins de São Paulo, segundo a avaliação dos especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que fizeram o estudo.
Se fosse desconsiderada a situação de São Paulo, em relação ao cômputo da pobreza e indigência do país, a queda da pobreza poderia chegar a 43% e a redução da indigência passaria de 34,8% para 45,1%, se aproximando da meta de redução de 50%, prevista até 2015, conforme assinala o estudo.

''A cidade de São Paulo deve ser um importante foco de atenção das políticas de combate à pobreza no país'', diz o estudo organizado pelo PNUD.
O estudo assinala resultados positivos na redução da pobreza em todos os estados das regiões Sul e Sudeste (exceto São Paulo), além de Rondônia, Mato Grosso e Goiás. Também são citados pelos resultados positivos na redução da pobreza extrema vários estados do Nordeste, como a Bahia, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará.
Na mão inversa, além de São Paulo, aumentou, na década de 90, a indigência ou a pobreza no Distrito Federal, Amazonas e Amapá.
A pesquisa da UFRGS assinala também que a grave desigualdade de renda que perdura no país influencia no efeito do crescimento econômico sobre a pobreza. Onde há menor desigualdade, o aumento de 10% na renda pode gerar uma queda de 20% na pobreza. Quando a desigualdade aumenta, no entanto, o mesmo nível de crescimento gera uma redução de apenas 10%.
O objetivo nº 7 - garantir a sustentabilidade ambiental - é um dos mais difíceis de serem atingidos, segundo o estudo. As submetas desse item objetivam alcançar até 2020 uma melhora significativa na vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados. A outra visa a reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente à água potável.
Um dos itens da melhoria da qualidade de vida nos bairros degradados é o acesso à rede de esgotos. O estudo da Universidade de Brasília conclui que a redução, até 2020, da parcela da população que não tem esgoto só ocorrerá se houver um radical incremento do volume de investimentos no setor.
O estudo da ONU mostra ainda que o crescimento desordenado das áreas urbanas, o aumento das taxas de desemprego e o baixo nível econômico médio do país tornam mais difícil melhorar a qualidade de moradias nos locais onde reside a população mais pobre.
Quanto à meta de reduzir à metade a população sem acesso à água potável, a pesquisa é otimista. Caso sejam mantidas as atuais tendências de crescimento, é perfeitamente possível atender esse ''objetivo do milênio'' até 2015.
Outros dois objetivos - universalização do ensino básico e a inversão da tendência de crescimento da Aids, da malária e outras doenças - têm boas chances de serem cumpridos.
Apesar de números melhores nos últimos anos, a meta de reduzir, até 2015, as taxas de mortalidade de crianças de até cinco anos de idade, além da mortalidade materna, é vista a como problemática. As desigualdades estaduais e regionais em relação à mortalidade infantil, por exemplo, são fatores determinantes para se considerar pouco provável a realização desta meta.

"Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e econômicas, é o fenômeno da fome crônica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo".
dica de livros: todos os livros são de JOSUÉ DE CASTRO
Geografia da Fome. Editora O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1946. Última Edição - Gryphus, RJ, 1992. Prêmio José Veríssimo da Academia Brasileira de Letras.
Fome um Tema Proibido. Última Edição civilização Brasileira 2003. Organizadora: Anna Maria de Castro.
O Livro Negro da Fome. Editora Brasiliense, São Paulo, 1957.
pesquisa e fotos: a.iezze